27/05/2011
Eu preciso te falar
Te encontrar de qualquer jeito
Prá sentar e conversar
Depois andar
De encontro ao vento...
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia...
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
E voltar num sonho lindo...
Já não dá mais prá viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo...
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo...
Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar
Por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar o coração...
(negritos meus)
Gente, a vida realmente é surpreendente, em suas mensagens. Estava tentando turbinar os neurônios para um novo post, quando começou a tocar, no rádio ─ constantemente ligado ─, a música título deste, na maravilhosa interpretação de Gal Costa e Tim Maia, dos idos de 1985, se não me falha a memória. ─ para lembrar, da música, clic: http://letras.terra.com.br/tim-maia/48939/
Parei tudo; olhei para fora da janela; fixei-me no jardim e deixei a música entrar fundo, em mim. Chorei suavemente e, muito, simplesmente por sentir que: como animais humanos, precisamos nos falar mais; reativar, um pouco, o faz de conta e, principalmente, deixar falar a voz do coração.
Pensando em ─ deixar falar a voz do coração, resolvi dizer-lhes algumas coisas, sobre esse coração que lhes fala, neste post, mais especificamente.
Amo, amo muito, o Planeta Terra; o amor vem sempre e exclusivamente, do coração.
Amo, e amo muito toda a Natureza e os seres, do Planeta Terra, e isto, desde muito pequena.
Quanto ao animal humano, como um todo ─ Humanidade, sou sincera em dizer que não consigo sentir o mesmo, mesmo sabendo que somos, em essência, feitos do mesmo material quântico, portanto, indiferenciáveis.
Dos que fazem parte dessa Humanidade, amo as crianças, que ainda não tem egos distorcidos; seus egos são naturais; bons, ou não, mas sem artifícios, até que os animais humanos, mais próximos, comecem o trabalho de “doutrinação”, dos mesmos.
Meu coração também se enche de amor, sincero e dolorido, pelos denominados pelo sistema de “escória”, de miseráveis. São os que nada, absolutamente nada, têm. São os que moram nas ruas; embaixo de viadutos ou em algum canto onde possam se “abrigar” do frio, da chuva e da maldade do animal humano social, que, com “coragem” suficiente, ateia fogo nos que dormem, muitas vezes sob efeito de álcool ─ cachaça, para ser mais clara. Alguns estão perdidos de crack; abertamente são taxados de vagabundos, cambada de viciados, etc. .
Engraçado, quando aparece, na mídia, o caso de alguém bastante conhecido, internado para tratamento de dependência em algum tipo de droga, logo surgem os comentários ─ que pena, é tão bonito (a)! Puxa, tem tudo que quer, por que será que entrou nessa? Tomará que saia, dessa; é tão famoso (a)! Etc., etc., etc.
Meu coração sofreu muito, dias atrás, ao ouvir a notícia de 11 moradores de rua que foram envenenados com veneno de rato. Alguém deve ter dado o “lanche” macabro a eles. A grande imprensa não comentou nada; os ativistas dos Direitos Humanos, pelo que consta, não abriram a boca; tudo permaneceu e permanece, no mais absoluto silêncio, pois afinal, para o sistema e para a grande maioria da sociedade, eles não eram absolutamente nada; não tinham classe social definida como produtiva, não descendiam de alguma família de sobrenome pomposo, nem eram destaque importante, nas mídias. Então...
Minha pergunta ─ ainda sem resposta ─, é: Por que eles são tão odiados, tão desprezados?
A grande maioria, deles, não é assaltante perigoso; não é assassino confesso; não é arrombador de caixas eletrônicas e nem pertence a nenhum grupo de extermínio, muito pelo contrário; são vítimas de.
Eles, diretamente, não têm nada a ver com a sangria do planeta, com a poluição provocada por automóveis particulares; eles andam a pé. Eles não estão envolvidos em “maracutaias” políticas que lesam o País e a sociedade; não recebem salário de grandes grupos que dominam a sociedade, a que eles, não pertencem ─ conforme pensam e agem os inclusos sociais. Eles não são pregadores que disseminam preconceitos; eles é que sofrem por preconceitos de, quase todos.
Eles, apenas, vivem. Culpá-los, por viverem exatamente assim, não nos cabe; não sabemos suas estórias.
Dias atrás, bateram palma no portão; fui atender. O rapaz, que batia palma, me disse:
─ A senhora não tá lembrando de mim? Eu e minha mulher pegava o lixo que não é lixo que a senhora separava prá nóis. Sabe dona, minha mulher morreu faz dez anos; desde que ela morreu tô desse jeito; mas ela, está com Deus e está bem, eu sei.
Ao meu lado estava Rebeca, uma jovem amiga; vimos os olhos dele se encherem de lágrimas quando falou da mulher e mais emocionado ficou quando disse que o filho deles, está na escola, estudando. Ele ficou com tios, após a morte da mulher, nos contou. Disse ainda, que o filho era muito parecido com ele mas que teria uma vida diferente, porque estava estudando e não morava na rua.
Depois que ele foi embora, Rebeca e eu, simplesmente, nos olhamos; nenhuma palavra foi dita; o silêncio permitiu que apenas nossos corações falassem, ou melhor, sentissem.
Maria ─ Estrela Lunar Amarela
P.S.: como sempre, em havendo erro (s), por favor, nos comunique.
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