quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

PENSAR O NOVO - Post 1


13/01/2012

POST 1

Em conversas com amigos, consideramos que são muitas ─ e justificadas ─ as críticas ao sistema capitalista/neoliberal; entretanto, poucas propostas a algo novo, são apresentadas.

Não é difícil perceber a razão dessa dificuldade; a complexidade vai além, muito além do que simples palavras  podem expressar e,  a grande maioria das pessoas que poderiam propor o novo, com mais qualificação, com mais conhecimento sente-se constrangida, em fazê-lo; receia que suas propostas sejam taxadas de utópicas, pois elas precisarão ser totalmente diferentes de qualquer padrão, hoje em vigor; daí a grande possibilidade de serem taxadas de utópicas.

Ao depararmos com esse trecho do livro do grande  Eduardo Galeano ─ El Derecho Al Delirio

Vamos a clavar los ojos más allá de la infamia, para adivinar otro mundo posible: el aire estará limpio de todo veneno que no venga de los miedos humanos y de las humanas pasiones; en las calles, los automóviles serán aplastados por los perros; la gente no será manejada por el automóvil, ni será programada por la computadora, ni será comparada por el supermercado, ni será mirada por el televisor; el televisor dejará de ser el miembro más importante de la familia, y será tratado como la plancha o el lavarropas; la gente trabajará para vivir, en lugar de vivir para trabajar(...); los economistas no llamarán nivel de vida al nivel de consumo, ni llamarán calidad de vida a la cantidad de cosas; los cocineros no creerán que a las langostas les encanta que las hiervan vivas; los historiadores no creerán que a los países les encanta ser invadidos; los políticos no creerán que a los pobres les encanta comer promesas (...); la muerte y el dinero perderán sus mágicos poderes, y ni por defunción ni por fortuna se convertirá el canalla en virtuoso caballero (...); el mundo ya no estará en guerra contra los pobres, sino contra la pobreza, y la industria militar no tendrá más remedio que declararse en quiebra; la comida no será una mercancía, ni la comunicación un negocio, porque la comida y la comunicación son derechos humanos; nadie morirá de hambre, porque nadie morirá de indigestión; los niños de la calle no serán tratados como basura, porque no habrá niños de la calle (...); la educación no será el privilegio de quienes puedan pagarla; la policía no será la maldición de quienes no puedan comprarla; la justicia y la libertad, hermanas siamesas condenadas a vivir separadas, volverán a juntarse, bien pegaditas, espalda contra espalda…”.

Trecho do livro de EDUARDO GALENO ─ El Derecho AL Delirio


resolvemos tentar ─ PENSAR O NOVO, que assim o é, apenas em comparação ao que temos, atualmente.

Desse exercício, algumas ideias  foram surgindo; resolvemos juntá-las e apresentá-las, em 3 ou 4 blogs, sequenciais.

Neste, vamos esclarecer como será a abordagem, apresentando ainda, a 1ª  das questões fundamentais, vistas abaixo.

Pensar o novo,  impõe algumas questões fundamentais, preliminares:

1ª  ─ condição mental atual, do humano;

2ª  ─ condição do próprio sistema capitalista, hoje;

3ª ─ condição do próprio Sistema Vida, do Planeta Terra.

Completada a fase acima, analisaremos três itens relacionados a uma  possibilidade de mudança do status quo, do sistema.

1º  Há condições de mudança?

2º A possível mudança, será consenso do animal humano ou imposta pela própria Natureza?

3º As bases fundamentais, para tal mudança, existem ou ainda terão de ser implementadas?


1ª QUESTÃO ─  CONDIÇÃO MENTAL ATUAL,   DA HUMANIDADE

Os animais humanos atuantes hoje,  sofreram ─ de forma mais intensa ─ nos últimos 60 anos, uma verdadeira desestruturação mental. Vários e vários fatores foram determinantes para que esse processo acontecesse.

Entretanto, podemos computar como principal fator, o próprio Sistema Capitalista, por uma razão mais que evidente. O sistema, como um todo, fez uma varredura das inclinações, do animal humano; estudos de todas elas foram realizados, por importantes e diversificados grupos.

Provavelmente, devem ter detectado alguns pontos que seriam profundamente importantes para implantação e difusão mundial, do Sistema; entre eles, os de maior interesse devem ter sido ─ egoísmo, ganância, aceitação ─ sem  maiores questionamentos ─  do que lhes é imposto;  necessidade extrema de auto-afirmação e reconhecimento social.

Pronto.

Os nós da grande teia estavam determinados; de resto, era apenas o trabalho de ampliá-la de forma mais abrangente, possível,  incentivando a ilusória liberdade que nada mais é que escravidão, que recebeu, claro,  conotações diferenciadas  ─ produtividadecompetência, dinamismo profissional, etc.

O egoísmo levou ao consumo, passo inicial do brutal consumismo, de hoje,  pela simples razão de cada um querer ter algo apenas para si. Se antes, tínhamos um rádio, que a família compartilhava, o sistema, através de propagandas veiculadas por seus meios de comunicação, exploração, difusão estimulou o individualismo, justamente para garantir fatia maior, de mercado,  aos produtos fabricados.

A ganância, favoreceu  a ilusão de trabalho obsessivo, com o intuito de ganhar mais, para comprar mais, para “ser” mais.

A aceitação, sem maiores questionamento, veio ceifar a verve revolucionário que existia,  latente, em cada animal humano.

A necessidade de auto-afirmação,  permitiu insuflar o ego, colocando o animal humano, no pedestal que a própria religião “edificou” para ele, com a proposta de que o animal humano é merecedor de ter do bom e do melhor, disponibilizado “gentilmente” pelo mercado, esse mesmo que agora, tornou-se um ente todo-poderoso e, sem a menor preocupação com a Natureza e seres, do Planeta.

Reconhecimento social passou a ser sinônimo ─ para os que não estão tão bem posicionados, na pirâmide ─ de carro do ano, de posse dos últimos lançamentos tecnológicos, ultrapassados a cada seis meses, ou menos, através da famosa e ardilosa obsolescência provocada.

Como o animal humano, praticamente “enlouqueceu” com a parafernália disponibilizada gentilmente, para ele, outra componente poderosa, do sistema capitalista ─ a indústria farmacêutica desenvolveu, rapidamente, inúmeras drogas para evitar que a loucura patológica, se instalasse, em definitivo,  inviabilizando o consumidor, afinal, pagar pela droga cara, não basta; é preciso continuar consumindo; o sistema sobrevive a custa dessa doença ─ consumismo ─ para a qual, não pretende oferecer cura, muito pelo contrário!

A condição mental, do animal humano atual, é de quase total submissão e alienação; foi profundamente devastadora a força coercitiva, do sistema; a teia, vigorosamente tecida para aprisioná-lo, não o permite encontrar brechas falando, é claro, dos poucos que pensam em como se livrar, dela.

Um poderoso sistema midiático mundial, incumbiu-se de minar qualquer resquício de rebeldia, de insatisfação com o status quo, do sistema.

A palavra rebeldes,  hoje, embasa teorias conspiratórias para as quais, a única alternativa dos poderosos, são as “Forças de Paz”, são as chamadas Intervenções Humanitárias;  rebeldes ─ sob encomenda ─, misturam-se “homogeneamente” aos verdadeiros rebeldes, insuflando-lhes com psicologia própria do sistema, com a única finalidade de oferecer argumentações favoráveis, aos demais animais humanos sociais ─ via mídias pertencentes ao próprio sistema ─,  para  atos de invasão/dominação do país de origem, dos verdadeiros e legítimos,  insurgentes.

O intervencionismo, antes “subliminar”, agora tornou-se o mais aberto e cruel sistema de dominação.

Até os anos 70, do século/milênio passado, tínhamos como fonte de rebeldes, de revolucionários, de questionadores ─  o meio universitário. De lá para cá, um grande número de professores foram cooptados pelo sistema econômico neoliberal, passando a influenciar, de forma extremamente eficiente, os jovens estudantes podando-lhes, exemplarmente, a verve revolucionária, própria da idade.

O operariado, outro baluarte revolucionário, de outrora, tendo alcançado certas “regalias” astutamente oferecidas, pelo sistema, passou a não representar problema maior; de certa forma, também foi cooptado, pelo sistema.

Enquanto isso, o próprio sistema que identifico como  conglomerado econômico-financeiro, do mundo tendo, ainda hoje, Tio Sam  como máxima representação de seu poderio, enquanto isso, repito, o sistema seguiu em frente solapando, cada vez mais,  qualquer ideia diferente daquelas por ele “estabelecidas” e, amplamente divulgadas/insufladas pelos meios de comunicação de massa, hoje Sistema Midiático, tornando-o mais polido do que comunicação de massa, que pressupõe, grande número de pessoas sem o menor senso crítico, mental e culturalmente desarmado, amorfo.

O nome foi alterado; a essência da qualificação, não.

A grande realidade,  cremos, é que a Humanidade não tem, ainda, um corpo representativo, dela mesma; continua sendo ─ massa amorfa.

Para o sistema, a humanidade é potencialmente ─ mercado de consumo ambivalente; serve para consumir o que é produzido e posto à venda e serve para ser consumida, pelo próprio sistema, através de domínio, em vários sentidos.

No ano 2011, deste século XXI, vislumbramos o início de certa movimentação social, em diversos países, do mundo A grande maioria dos participantes,  é formada por jovens, agregados por redes sociais, que participam.

Curiosamente, um dos redutos mais marcantes de “criação” de executivos para altos escalões em conglomerados empresarias,  globais, a  ─ Universidade de Harvard ─ sofreu, em  2011,  com revoltas de estudantes  da área de Economia, pedindo grandes mudanças no modelo curricular, que vigora. Além disso, revoltaram-se contra a corrupção moral e econômica de grande parte do mundo acadêmico.

Tudo isso pode representar  o princípio de uma verdadeira revolução mental, exatamente a que necessitamos.

Em sendo assim, a luta será, em princípio, extremamente desigual. O sistema dispõe de armas poderosíssimas para tentar  aniquilar qualquer princípio de ação, contra ele, inclusive e principalmente,  o sistema midiático ─ de grandes grupos ─ por ele próprio, comandado.

Entretanto, tudo tem um princípio e um fim. Quem sabe essas aglomerações de Indignados, em praças e ruas de grandes centros urbanos, possa ser o indicativo do começo de um grande movimento mundial,  forte o suficiente,  para abalar as estruturas do imperialismo econômico/financeiro,  já enfraquecidas, por culpa da própria insensatez, dominante.

Mesmo entusiasmados com os movimentos de 2011, mesmo assim, consideramos que a condição mental da humanidade hoje, é simplesmente uma somatória de neuras, de medos, de complacências, de aceitação do que vê,  sem ver. Claro que exceções existem; entretanto, essas exceções precisariam ser regra geral  ─ a maioria deveria despertar para a imensa, dificílima, extenuante tarefa de alterar, pelo menos em parte, as regras desse jogo de cartas marcadas. O comodismo, a apatia, a ignorância dos fatos nos levará, a todos, a um beco sem saída, em pouco espaço de tempo. Isso não é pessimismo nem fatalismo, como alguns poderão argumentar/contrapor; é realidade saltando aos olhos; basta não estar totalmente hipnotizado, para compreender tudo que aí está.

A Nova Era,  fará a sua parte; entretanto, a participação maciça, do animal humano,  é primordial para que todos os chamados paradigmas,  da era passada, sejam finalmente  extirpados e novos e frutíferos, tomem seus lugares.

No próximo post ─ Condição do próprio Sistema Capitalista, hoje.

Maria ─ Estrela Lunar Amarela
─ qualquer erro, por favor, nos comunique.

Livros disponibilizados para download:
EgoCiência e SerCiência – Ensaios
EgoCiência e SerCiência ─ Em busca de conexões quânticas.

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