É claro,
que as sensações físicas oriundas de algum estímulo percebido através de
um dos cinco sentidos pode, dependendo da intensidade e consequências,
tornar-se inesquecível, para qualquer um
de nós. Exemplificando, suponhamos que alguém tenha sofrido uma queimadura em
determinada parte do corpo, queimadura essa, grave. Claro está que essa
sensação, no caso, de dor, dificilmente
será esquecida, integralmente. Mas, a “lembrança” dessa sensação oriunda dos
sentidos, ficará mais ou menos
“restrita” à parte afetada; ela será, de uma forma ou de outra, “localizável”,
trazendo um sentimento de algo que foi,digamos assim, doloroso.
Sensações que poderíamos chamar de
“primárias”, como um susto, por exemplo, sempre detonam algo diferenciado em
algum ponto da estrutura Corpo Humano; um arrepio, uma alteração na boca do
estomago, na barriga, no coração enfim, alteram condições normais, de atividade orgânica.
As Sensações
diferenciadas, não causam qualquer transtorno físico, orgânico. Elas, por terem uma outra origem, que não os
sentidos humanos, da forma como os concebemos, são íntegras, sutis mas
profundamente marcantes; indissolúveis,
inesquecíveis, passam a ser um
sentimento, praticamente impossível de descrever, como todo sentimento
verdadeiramente profundo. Talvez a sensação diferenciada, possa ser “retratada”
como ─ emoção, para uma melhor compreensão.
Fazendo um parêntese, contarei a vocês
dois fatos extremamente marcantes, para mim.
O primeiro é algo que costumava fazer, aos 4/5 anos ─ segundo o
que minha mãe contava e que lembro. Ao cair da tarde, próximo à chegada da
noite, corria para uma escada que dava para o quintal e ali sentava. Quando via
a 1ª estrelinha brilhar no céu, começava a cantar “ A estrela D´Alva, no céu desponta ...” ─ música de Braquinha e Noel Rosa, de
grande sucesso nos idos de 1940/50. Isso
era o que hoje pode ser chamado de
ritual. Consigo lembrar a Sensação que sentia, na época, que era um misto de
encantamento e de questionamentos frente aquela maravilha de céu
estrelado. Sentia, na ocasião, o mesmo que sinto ainda hoje, aos 65 anos ,
ao olhar o céu em noite estrelada ─ uma Sensação de admiração, questionamento, acrescida
hoje, de uma saudade de algo indefinido, que me preenche, por inteiro e
que não está vinculada às lembranças da infância; é algo além, muito além de um
instante, de uma época.
O segundo, foi fantástico. Tinha aproximadamente 10 anos
e por acaso quebrei um termômetro; vi, encantada, uma bolinha prateada cair no
chão; tentei pegá-la mas ela não me deixava fazê-lo. Então peguei-a com algo,
que não lembro o que e tentei repartir aquela pequena “bolinha”; consegui
fazê-lo mas as partes imediatamente voltaram a se juntar. Fiquei extasiada e
procurei dividi-la, ainda mais; o resultado era sempre o mesmo; os pequenos
“fragmentos” voltavam a se ligar. Em determinado momento meu pai chegou e me
viu naquele “transe”. Disse-me que não podia brincar com aquele material, pois o mercúrio (foi quando descobri seu
nome) era perigoso. Não consegui tirar da cabeça aquela sensação maravilhosa
que senti e apesar de sempre acatar conselhos de meus pais, pois sabia serem
certos, na primeira oportunidade quebrei, intencionalmente, outro termômetro.
Levei bronca e o outro comprado, ficou escondido. Não quero afirmar, com
absoluta certeza, mas essa fantástica experiência deu-me, creio, as primeiras
noções dos vários em um, fundamentando, com certeza, o que
viria, muito tempo depois.
Voltando, a lista do que é determinado como sentimento é
imensa; os mais comuns, nessa relação são: amor, amizade, paixão, ódio, rancor, inveja, simpatia, antipatia, inferioridade,
superioridade, vingança etc..
Não vamos nos deter, neste Espaço, a
nenhum deles, especificamente, acreditando que o mais importante que tinha a
dizer sobre sentimentos, já o expus, no início, fazendo, entretanto, uma
ressalva importante ─ Sentimento
é muito, muito diferente de sentimentalismo; sentimento é próprio de pessoas
com alto nível de sensibilidade, não de sentimentalismo, por considerar que
sentimentalismo é mais periférico, permanecendo, por essa razão, apenas no “exotérico”, do Ego-pessoa.
Maria ─ Estrela Lunar
Amarela
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