sábado, 30 de junho de 2012

VISITA


Amigos do blog, essa semana resolvi abrir espaço diferente para algo muito interessante e profundo, escrito por uma jovem amiga.
Conheci, de forma mais integral, essa garota, quando ela tinha 10 anos; surpreendeu-me, na época, seu extenso conhecimento sobre Raul Seixas e, mais importante que isso, suas incríveis percepções, e comentários profundos sobre várias e várias músicas, dele. Claro que seu conhecimento, vinha de um meio em que Raul   entre outros rebeldes, da época era constantemente, ouvido. Mas, como ela, particularmente, “vivenciava” e “sentia”  as mensagens de Raul, era algo de causar espanto, realmente.

Desde essa época, até hoje, somos amigas e quando nos encontramos,  as conversas tendem ao Infinito mas, com os pés bem assentados, no terreno, para não sermos “sequestradas” pelo Infinito o que, aliás, não seria nada tão  inesperado e indesejado!
Essa poesia não foi a primeira, dela, mas sim, uma das que mais me despertou algo indizível; por essa razão, compartilho-a com vocês com a certeza de que irão gostar.

Virá toda em itálico e exatamente como ela repassou inclusive, como queria,  “assinar”.


A VISITA

Chego em casa...,  depois de mais um dia de trabalho.
Giro a chave; abro a porta.

Entro.

 Ali está ela!
Posso vê-la sentada, apoiada na  mesa.

Eu não digo nada; apenas puxo a cadeira e me sento ao seu lado.

Eu não esperava a visita.

Mas,  ela é bem vinda!
Olho para ela...

Nós nos olhamos e em seus olhos eu posso ver....
Posso ver meu próprio reflexo.

Ela, a Solidão, veio me visitar!
Às vezes, conversamos...

Percebo que seus olhos mexem, suavemente, como quem quer dar uma explicação...
Percebo que parece adivinhar o meu conflito, como normalmente faz!

Então, ela rompe o silêncio....
Aos poucos, começa a narrar a história do universo, me transportando para o  enredo de um cenário magnífico.

Conta que o universo nasceu de um ponto minúsculo de “vácuo”, e através da expansão desse vazio, o universo nasceu.
E o que ocorreu com esse ponto minúsculo é que Ele sofreu uma grande expansão!

Expandiu e expandiu!
Expandiu tanto, que deu origem ao universo!

E o Universo nasceu do “vácuo”, num vazio infinito!
Pergunto a ela como é possível.

Como pode algo tão grande como o universo, surgir de um ponto de vácuo?

Um pedaço minúsculo de vácuo dar origem há tudo que existe?
Ela se cala ...

Eu a encaro, esperando uma resposta.
Ela baixa a cabeça, pensativa,  meditando uma resposta e diz:

Simples!
Olhe para mim!

  Eu sou a sua solidão.
E só existo porque dentro de você existe um ponto de vácuo. Um ponto de vazio que se expande!

 E sempre que eu apareço, esse ponto se expande um pouco mais; você aprende cada vez mais a lidar comigo, vendo-se nos meus olhos.
E quando sentamos juntas, nós conversamos de tudo!

Seus Amores; seus amigos; seus amantes... e todas as memórias que preenchem você.
Eu não sou um ponto vazio!

Eu sou um ponto vazio de solidão, que entra em expansão para poder ser preenchido.
E em mim,  você se encontra. E em mim,  você se preenche .

E assim, o universo preenche o ponto vazio.
E assim nasceu o universo.
...

Agora quem baixou a cabeça pensativa, fui eu.
...

Acho que entendi!
...

Quando volto a erguer o olhar...
Ela se foi.

Fiquei eu ...
e um ponto vazio.


R. C. Fortuna

Junho/2012

Contato com autora pode ser feito através do e-mail: reb_fortuna@yahoo.com.br


Um comentário:

  1. Não se intimide com a falta de comentários; isso faz parte de nossa labuta! À ausência total de comentários - favoráveis ou não -, ainda não encontrei razão específica.
    Vamos continuar, assim mesmo, certo?

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