Tudo tende a se agravar, em momentos finais de existência;
assim, também a Hipocrisia agravou-se ─ e muito ─, com a inevitável chegada de
Novos Tempos, anunciando seu possível final.
Desde quando o animal humano tornou-se “civilizado”, ela nos
tem acompanhado fornecendo-nos inúmeras máscaras usáveis, nas mais diversas
ocasiões.
A palavra hipocrisia, oriunda do latim ─ hypocrisis e do grego ─ hupocrisis, continua tendo a mesma
conotação de máscara, de fingimento, de falsidade só que, saindo do campo
teatral ─ inicialmente utilizada, designando as máscaras usadas pelos atores─ e
investindo em nosso próprio campo real de atuação tornando-o ─ teatralizado.
Ela foi mais popularizada, creio eu, através da expressão ─ jogo
de cintura, tornando seu uso quase “diplomático”; consideramos como
elogio quando alguém nos diz que temos um bom jogo de cintura deixando claro, nesse “elogio”, o quanto podemos
ser falsos, oportunistas, enganadores portanto ─ hipócritas!
Noam Chomsky, um linguista dos mais renomados, definiu
hipocrisia como recusa de “... aplicar a
nós mesmos os mesmos valores que se aplicam a outros.”
Está certíssimo!
Apontamos para várias situações alheias, desnudando suas
imperfeições, sob nossa ótica, sem que tenhamos um espelho a
nossa frente para nos mostrar o quanto estamos ─ igualmente nus. Se bem, que
talvez o espelho que falamos, não consiga mostrar isso; ele irá, provavelmente
mostrar, deformação; nos enxergaremos cheios de bons atributos pois não é,
infelizmente, um espelho mágico que
possa refletir nosso interior, não para
quem não quer ver.
Para Vitor Hugo, “O hipócrita é um titã-menor.”
Cruzamos diariamente com titãs-menores
em casa, no trabalho, nas ruas; os vemos em telas, em noticiários, em
comentários, em discursos políticos, em sermões, em sala de aula enfim, onde
quer que olhemos e/ou atuemos.
Dificilmente estruturas sociais, religiosas, econômicas etc,
deixam de fora, em suas ações a utilização da hipocrisia; o Sistema bem como
todas as suas ramificações são inacreditavelmente ─ hipócritas!
Alguns animais humanos ensinam seus descendentes, ainda
crianças, a usarem máscaras quando dizem, por exemplo ─ abrace fulano ou beltrana, seja educado com ele/a, senão ele/a não vai
mais dar presentes pra você; faça de conta que gosta dele/dela.
O famoso jargão ─ se
você não fizer tal coisa não vai ganhar aquilo que quer, provavelmente
desenvolverá um adulto que usará de hipocrisia para obter aquilo que quer,
fingindo um tipo de conduta que não lhe é peculiar.
O medo é desculpa rotineira, íntima para atitudes hipócritas;
medo de perder o emprego, medo de perder amigos, de perder relacionamentos
íntimos, medo do julgamento alheio, medo de tomar partido em situações
delicadas, medo de perder o status quo
social, profissional etc.
Realmente, a partir do momento que sejamos suficientemente
capazes de tirar a máscara estamos expostos a todas as
ações “predatórias” daqueles que não aceitam verdades; as punições virão; será
preciso muita coragem para enfrentar e o Sistema sabe que poucos, pouquíssimos
a tem.
Assim o medo, apesar de ser uma desculpa, não deixa de ter
sua razão de ser, para a maioria, não é? Como sermos verdadeiros se só nos
cobram/exigem, hipocrisias?
A propaganda usa um grau refinado de hipocrisia; ela sabe, muito bem, quanto daquilo que alimentam
com seu trabalho, traz riscos de vários tipos para o usuário, Natureza e
Planeta; nem as crianças estão sendo poupadas por esse setor que estimula, até
subliminarmente, excessos de “quereres” ─ quero
aquele sorvete que vi na televisão; quero sanduiche do ... que aparece na
televisão; quero isso, quero aquilo, aquilo outro etc., tudo que foi
devidamente anunciado de forma magistralmente ─ provocante.
Posso estar muito enganada mas me parece que quanto mais civilizado,
mais educado é um animal humano,
maior é a tendência ao jogo de cintura ─
hipocrisia; pessoas simples, consideradas mais rudes, pelo sistema, talvez
recebam essa “classificação” justamente por serem menos preparadas, menos
treinadas no uso de máscaras; se elas são malandras, todos ao seu redor o
sabem; se são perigosas, todos ao seu redor o sabem, a comunidade em que vivem,
sabe. É claro que entre elas há os
chamados, vulgarmente ─ 171; mas esse
tipo existe aos milhares em qualquer escala social e, em praticamente todos os
setores religiosos, econômicos, políticos, midiáticos, etc.
Em nosso País, ultimamente, temos centenas de comprovações de
hipocrisia; nos tribunais, por exemplo, condenam alguns em midiático julgamento
enquanto outros, tão culpados quanto, tem seus processos ardilosa e
oportunamente ─ “engavetados”.
Haverá maior hipocrisia do que o voto secreto, abertamente
utilizado no Congresso Nacional?
E a hipócrita mídia capitalista/neoliberal torcendo,
ardorosamente, contra o País, usando de todas as máscaras que o sr. Mercado ─ patrão inquestionável de todas ─ lhe
fornece? Para ela, diariamente, o Brasil está indo de mal a pior, enquanto não
tecem comentário algum sobre inúmeros outros países em situação crítica em
função de ações que nosso País tenta, desesperadamente, não adotar em
plenitude, aqui; daí expressões como intervenção governamental.
A insatisfação dos investidores é sempre motivo de comentários
frequentes, justamente por estarem mamando menos, nas tetas, isto em função de regulamentações
ainda tímidas, mas não aceitas, por eles. Aí, intervém o Sistema, o sr.
Mercado, provocando e/ou instigando turbulências afirmando com isso algo
parecido com: ou o governo dança conforme a música proposta por nós ou então, nós
mudamos radicalmente a música e o País vai dançar, literalmente.
Bem recentemente, vimos a tremenda hipocrisia de parte da
classe médica em relação ao Programa Mais Médicos, opondo-se com garras
afiadíssimas aos profissionais cubanos que chegam para ir a lugares que nenhum médico brasileiro, quer. Sabemos o que
realmente existe, por trás disso.
E a hipocrisia se alastra, infelizmente, mundialmente; agora,
temos novamente a hipocrisia da chamada Intervenção Humanitária ─ que, de
humanitária não tem absolutamente nada ─ na Síria. Temos ainda fresca na
memória a intervenção no Iraque, amplamente difundida como recurso máximo ao
suposto arsenal nuclear que o país, teria. Hoje, todos sabem ─ os que acreditaram ─ que foi “equivoco”,
um pequeno erro de análise dos experts; não havia, realmente, questão nuclear
citada, comentada, difundida como motivo da invasão ao país. Entretanto, a
destruição do Iraque foi real; milhares e milhares de inocentes (supostamente
protegidos pela Intervenção Humanitária, originariamente alardeada) morreram, sem
nem saber a razão verdadeira.
Não podemos e nem devemos nos esquecer do Afeganistão e
Líbia, sempre com a mesma desculpa de resguardar a população civil.
Assim segue o Sistema, no contexto acima ─ primeiro destrói,
para beneficiar a indústria bélica e defender interesses vários e depois, vem a
fase de reconstrução quando então, outras grandes componentes do Sistema, do
sr. Mercado colhem as benesses, da ruina.
É uma pena que com tudo bem claro, ainda há pessoas que
acreditam no que diz/comenta o porta-voz oficial do sr. Mercado ─ o Sistema
Midiático Capitalista/Neoliberal, que endossou/endossa a maléfica
hipocrisia comentada nos parágrafos, acima.
Mesmo com tudo que se descortina, aos nossos olhos, não perco
a confiança na Nova Era; não sei quanto tempo ela necessitará para arrancar
todas as máscaras ─ inclusive as nossas, de cada dia ─; mas ela está mostrando
aqui, ali, acolá que já chegou e, de uma forma ou de outra, por caminhos menos
conflituosos ou não, serão desnudadas todas as artimanhas, todas as hipocrisias,
sejam elas quais forem e aninhadas, onde quer que estejam.
Acredito nisso, apesar de muitos considerarem visão ─
utópica. Assim creio, por saber que nada
é para sempre; em algum momento, de uma forma ou de outra, as coisas mudam.
Na questão específica, deste post, espero que a mudança seja
positiva; que nós, animais humanos passemos a nos enxergar como totalmente
responsáveis pelos nossos atos e/ou omissões; é uma forma correta de deixarmos
morrer a hipocrisia e invertermos nossa maneira de ser e fazer, em favor da
própria vida, da Natureza, do Planeta.
Se não o fizermos, a Vida saberá o que fazer.
Encerramos este, com um pensamento de Einstein, profundamente
verdadeiro:
“A vida não dá nem empresta; não se comove nem se apieda...
Tudo quanto ela faz é retribuir
e transferir, tudo aquilo que nós lhe oferecemos.”
(negritos da autora
deste)
─ detectado algum erro, por favor nos informe.
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