Tenho sentido um certo desânimo em falar sobre o País; esse
desânimo se prende ao fato de que qualquer coisa que se escreva, um número
expressivo de pessoas interpreta em sentido estritamente ─ político/partidário.
No face, acontece a mesma coisa; qualquer opinião que se dê é imediatamente entendida
de forma deturpada por extremistas partidários.
Há uma tal dificuldade em se desvincular a situação do
Brasil, das amarras partidárias que a maioria, infelizmente, tem; assim, fica
difícil qualquer possibilidade de uma análise mais profunda, sobre as diversas
questões referentes a ele.
Preocupa-me, também, não podermos esperar que os mais jovens
tenham resistência necessária à avalanche de “opiniões”, quase sempre oriundas
de pessoas com esta ou aquela ideologia partidária; isto porque, sofremos
carência de pensamento original o que significa um grande risco deflagrado
por essas “opiniões” a maioria, de baixo calibre.
Há muito estamos sendo “pensados”; os pensamentos “pensados”
entram em nossa estrutura quântica dando-nos a falsa impressão de que somos
nós, que pensamos.
Um exemplo claro do que disse acima é o famoso Plim! Plim!
Quem tem deficiência de pensamento original encontra, nesse
estímulo auditivo ─ que nem sei se vigora hoje, ainda ─ quase que uma palavras
de ordem ─ e assim pensamos, por
você, para que você não tenha o trabalho de fazê-lo!
Apesar de saber que inúmeras circunstâncias dificultam e
encobrem a possibilidade de um ─ pensar original, não deixa de ser extremamente
preocupante que os jovens de hoje ─ geneticamente programados pelo Plim, Plim
que adentrou no campo informacional de seus geradores ─ fiquem sob domínio dos
pensamentos “pensados”; ao final deste, falaremos um pouco mais sobre o pensar
original.
Usamos, acima, esse
“símbolo” auditivo tão conhecido, apenas para generalizar o que fez e faz a
mídia capitalista/neoliberal, não só em nosso País.
O Pensar Brasil, realmente dá bastante trabalho; antes, dava
muito mais trabalho pois não havia tanta diversidade informativa; hoje basta
boa vontade para pesquisar e montar nosso próprio ─ Arquivo de dados.
Particularmente, desde o final da Ditadura, tenho anotações
feitas num tipo de Mapa do Brasil onde, ano a ano ia anotando os índices mais
importantes, de cada área ─ PIB, Saúde, Educação, Taxa de Desemprego, Inflação
etc.; teve essa configuração até a chegada do computar; agora, uso planilhas
onde entram, inclusive, questões relevantes do Brasil em relação a outros
Países e algumas análises, pontuais. Por um problema tecnológico, perdi
planilhas mais antigas; refazê-las tem me custado um bom tempo.
O famoso Risco-Brasil, tão comentado pela mídia, entrou em
minhas análises desde 2007, quando atingiu 137 pontos. Em 2002, em razão do que
foi denominado efeito Lula, a taxa
alcançou 2446 pontos (setembro). Isso demonstra o quanto esse índice sofre
influência do Mercado em função de suas expectativas em relação a governos; ele
é, então, sob minha ótica ─ manipulável,
para “acomodar/salientar” expectativas do Sistema em relação aos países,
principalmente os emergentes.
Baseada em tabelas comparativas, desse índice, pude verificar
que em jan/2013, por exemplo, o risco Brasil estava baixo ─ 157 – avaliação
feita com base no EMBI+ da JP Mprgan. O EMBI+ é usado, com exclusividade, para
medir o risco dos países emergentes; notei então, uma súbita alteração quando a
atual presidência baixou as tarifas de Energia Elétrica, no País.
Daí para a frente ─ coincidentemente (?) ─, começaram a
pipocar inúmeros movimentos populares de início, pacíficos; entretanto, na
sequência, surgiram infiltrados com perfil bastante diferenciado, dos
primeiros.
E agora, 2014, por motivos mais que óbvios, estamos imersos
numa verdadeira avalanche de noticiários totalmente perniciosos, ao País e claro,
a mídia ressalta o aumento do risco país, em cada oportunidade.
Vou dar alguns exemplos do que desejo, ardentemente, para o
País.
Um gigantesco movimento social que varra, de ponta a ponta, o
território brasileiro, movimento esse, TOTALMENTE
DESVINCULADO de qualquer ideologia partidária e/ou religiosa, iniciado por
pessoas bem intencionadas e de Visão Holística, com intuito de ajudar a grande
massa a entender e desenvolver, de forma concreta, a tão propalada CIDADANIA!
Gostaria de ver, em todos os municípios do País pessoas
envolvidas, diretamente, com ações educativas que favoreçam aos jovens, condições
de diálogo criativo, amplo sobre temas de suas próprias vidas, de seus bairros,
municípios, do País e do Mundo. Teriam que ser pessoas de fácil contato com os
adolescentes; que usem o linguajar próprio deles.
Me permitam narrar, resumidamente, uma experiência tida em
1998 portanto, há 16 anos atrás.
Nesse ano, um grande amigo e parceiro de projetos ─ Carlos, professor de física
e matemática, dava aulas em regime de voluntariado em um cursinho pré-vestibular
para adolescentes de 16 a 21 anos, oriundos de classe pobre, convidou-me para ir ter um papo com
eles sobre Pensamento e Visão Holísticos.
O que aconteceu na sequência é inenarrável em poucas palavras. Ao final
do bate-papo, pedi a eles que fizessem uma redação com o título ─ O que
você pensa da vida e do Mundo, hoje, e o que espera do Amanhã. Disse a
eles que poderiam falar o que quisessem e teriam total liberdade para assinar
ou não, a redação; só pedi que indicassem a idade.
Uma semana depois, recebemos 365 redações!Lemos, todas; tenho-as ainda, comigo, pois elas marcam profundamente, a sensação de desamparo, de desilusão dos 365 autores, na época.
Conforme havia combinado, com eles, levamos a resultante de
suas exposições, mostrando de início, o quadro dos pontos comuns encontrados
que aqui apenas vamos indicá-los em ordem decrescente: drogas; miséria (incluindo neste
termo genérico ─ fome, doença, pobreza, menos abandonado); violência;
desemprego; desigualdade social; problemas ecológicos; política e poder sem
responsabilidade; corrupção; baixos salários; falta de solidariedade;
desrespeito aos direitos humano.
Após horas e horas de conversas entre Carlos e eu ─ resultantes
de cada ida ao cursinho para bate-papo, com o pessoal ─ decidimos pela
estruturação de um projeto educacional alternativo ─ Centros Alternativos de Estudos ─
Brasil 21, enviado a vários e vários pontos, inclusive algumas pastas
ministeriais do governo da época – FHC.
Esse projeto enviado ─como tantos outros, em circunstâncias
outras ─ tinha o padrão Petrobrás para formulação de Projetos, padrão que
sempre consideramos o mais eficaz na elaboração dos mesmo.
De tudo, só sobraram cartas e mais cartas, parabenizando pelo
mesmo e dizendo que seria encaminhado, para análises.
Precisei focar essa experiência para apontar a enorme necessidade
de darmos voz, aos jovens; esse caso narrado, poderia servir como exemplo de
uma primeira tentativa a ser feita, nas diversas escolas públicas do País; com
certeza ela revelaria o que de mais urgente está a exigir resposta da própria
comunidade, onde a escola está inserida.
Dizer que a educação pública, no País, está uma m é extremamente fácil; é preciso ir além
dessa análise rasteira e tentar, comunitariamente,
formas de projetos educativos, alternativos; isso exige muito trabalho e
determinação mas é totalmente viável, basta querer, de verdade; não é utópico
nem alienado do tamanho de nosso País; pois, se um grupo de pessoas arregaçar
as mangas e começar a trabalhar em diversos pontos de seus município, isso
poderia multiplicar-se de forma vertiginosa.
Talvez um pensamento do grande e revolucionário Paulo Freire
possa “endossar” o que propusemos, acima.
Se, na verdade, não estou no
mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é
possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha
utopia, mas participar de práticas
com ela coerentes. (negritos
da autora, deste)
Teríamos muito mais a expor sobre o PENSAR BRASIL mas preciso considerar a indisponibilidade
de tempo e quiçá ─ pouca vontade de leitura, de textos longos.
O PENSAR BRASIL teria que ter uma consequência muito importante ─ DIALOGAR BRASIL
Por que dialogar e não, discutir o Brasil?
Porque são coisas bastante diferentes; já havia
percebido isso quando li ─ Diálogos com cientistas e sábios; apesar de haver
algumas diferenças de opinião, não havia queda de braço, tão famoso nas discussões; entretanto, só tornei bem
mais clara essa percepção quando David Bohm, através de seu livro ─ Diálogo
{comunicação e redes de convivência} provou-me, por a + b, a enorme diferença
entre discutir e dialogar.
Vamos partir para o encerramento, deste, apenas
cumprindo o que prometemos, no início ou seja, falando um pouco sobre
Pensamento Original.
Esse pensamento original, não tem nada a ver com os
famosos insights; ele tem a ver ─ sob
minha ótica ─ com uma opinião nascida de uma pessoa que agrega algo de seu
próprio pensar analítico, ao todo por ela pesquisado, estudado. Essa pessoa,
privilegiada por pensamento original, não adere nem dissemina pensamentos sem
antes analisá-los em profundidade; se resolver fazê-lo com certeza terá algo a
acrescentar em função de sua própria análise; exatamente aí reside o pensamento
original.
Como o entendimento das pessoas ainda não é tão
holístico, é preciso fazer a devida ressalva que nada há de errado em basear-se
em pensamentos de outro afinal, não somos uma ilha “pensante”; o que não deve
acontecer, no meu entendimento, é o
domínio, de outro pensamento, em relação ao nosso próprio; não podemos deixar
que sejamos “pensados”.
Maria-Estrela
Lunar Amarela
Obs.: abaixo 2 links para quem quiser saber mais
sobre avaliações de Risco-País, como é calculado, quais são as Agências de
Risco, etc.
─ algum erro, por favor nos informe.
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