Essa postagem foi feita, originalmente, em
agosto de 2011; nada, absolutamente nada mudou para melhor, de lá para cá,
infelizmente.
Pode, em uma primeira observação,
parecer redundante o título deste; mas não o é.
Apesar de um impasse ser uma situação
decisiva, em relação a algum tipo de solução necessária, a própria solução pode
tornar-se um novo impasse e assim, sucessivamente.
Acontece que o que vamos abordar tem, na
verdade, a qualificação maior de ─ decisivo, no sentido de identificar um momento, pelo
qual a humanidade, clara e objetivamente,
passa.
Temos um magno impasse ─ continuidade ou não, da condição de vida, no planeta
Terra.
O que torna essa situação mais
agudizante, é a quase impossibilidade de se encontrar solução justamente pelos
inúmeros fatores complicantes, para tal.
Antes de continuarmos, vamos relembrar
um pensamento de Einstein, citado no artigo de Leonardo Boff, já postado, por
nós. Aliás, Leonardo Boff postou, no site www.cartamaior.com.br , artigo ─ Governados por cegos e irresponsáveis ─ que
recomendamos leitura; praticamente este nosso, encontra profundo eco no que
Leonardo Boff escreveu. Para nós, isso é bastante significativo e incentivador.
“Os
problemas significativos que enfrentamos não poderão ser resolvidos no mesmo
nível de pensamento em que estávamos, quando os criamos.” (negritos da
autora deste)
Para que chegássemos ao ponto onde
estamos, como humanidade, longo caminho foi percorrido; entretanto, para
alcançar o quase ápice do impasse atual apenas, aproximadamente, 200 anos, foram suficientes.
A Revolução Industrial, que teve seu
início datado, pelos historiadores, em meados do século XVIII, fez a cisão
entre a atividade produtiva, praticamente artesanal ─ com
utilização de escasso e rudimentar maquinário para manufatura de bens, em
escala um pouco maior ─, e a
atividade industrial que, no século XIX,
já se firmava de forma definitiva.
Ampliando o leque de oferta de produtos,
“aliciando” mão de obra, subjugando o trabalho natural/artesanal anterior, ao trabalho
forçado para cumprimento de metas de produção e oferecendo remuneração, o
estopim da Revolução Industrial alastrou-se, de forma absurdamente rápida.
Os avanços na produção em países específicos,
da época, permitiu a satisfação de
necessidades e desejos de suas classes sociais; pagando pelo produto adquirido,
o comprador alimentava o sistema recém- nascido com a ideia da importância do
consumo, para seu fortalecimento/expansão.
Concomitantemente com a era industrial, o
capitalismo que, segundo historiadores, era embrionário já nos séculos XIII e
XIV, por força de uma classe social surgida na Europa ─ burguesia ( responsável pelo surgimento de cambistas e banqueiros)
─, classe essa que buscava o lucro através de atividades comerciais, esse capitalismo
embrionário, então, firmasse.
Curiosamente, o termo capitalismo foi cunhado e utilizado, justamente por socialistas e
anarquistas, ao referirem-se ao sistema político-econômico, sempre em críticas, já no século XIX.
Entretanto John Lock e Adam Smith,
idealizadores do sistema político-econômico ocidental, deram preferência ao
termo liberalismo, justamente para
demarcar território contra ingerências do poder estatal, isto no início do
século XIX.
Os fundamentos essenciais, do liberalismo, são
baseados em anseios humanos por liberdade de ação e pensamento.
Em 1946, representantes de partidos liberais
europeus, reuniram-se em Bruxelas, firmando o que foi denominado de ─ Declaração de Bruxelas. É algo que vale
a pena conhecer; sites para lê-lo, na íntegra ─
www.laicidade.org ou http://www.liberal-international.org/
A Europa, de hoje, age contrariamente ao que consta, nessa Declaração.
Continuando, os desdobramentos da Revolução
Industrial e do próprio capitalismo e/ou liberalismo, viriam a mostrar suas
garras afiadíssimas. Quando os mercados internos dos países mais desenvolvidos
estavam “saturados”, foi preciso buscar novos mercados em países em
desenvolvimento.
Surgiu, então, a chamada Globalização
Econômica, visualizada por experts como forma de “desovar” excessos de produção
dos países desenvolvidos, forçando um “livre mercado”, através da ilusória
sensação de participação de todos em tudo, menos nos lucros, é claro.
Concomitantemente com a globalização, veio o
neoliberalismo. Seu mentor, o economista Milton Friedman, concebeu esse
sistema, após crise econômica de 1973, em função da alta do petróleo.
Destaque-se, nos princípios básicos, entre
outros:
─ pouca intervenção do governo no mercado de
trabalho/ política de privatização de
empresas estatais/ abertura da economia
para entrada de multinacionais/ aumento de produção com o objetivo
básico de atingir o desenvolvimento econômico/ contra controle de preços dos
produtos e serviços, por parte do Estado.
Em 1989, o FMI, Banco Mundial e Departamento
do Tesouro Americano dos Estados Unidos, formularam o famoso Concenso de
Washington, que se tornou política de ação do FMI, mais precisamente.
Interessante observar que os objetivos desse Concenso, na época, visavam prioritariamente, os países da América
Latina.
O “consórcio” neoliberalismo/globalização,
“endossado” pelo Conselho de Washington, resultou no “enlouquecimento” do sistema
econômico, até atingirmos o que aí está.
Quando o economista John Willianson, criador
do que foi proposto pelo Concenso de Washington, observou que suas ideias,
segundo ele, tinham sido “deturpadas”, declarou:
“ Claro que eu nunca
tive a intenção que meu termo fosse usado para justificar liberalizações de
contas de capital externo, ou minarquia, que entendo serem a
quintessência do pensamento neoliberal".
Mas, era
tarde.
Dessa
época, para a frente, o sistema, baseado em inúmeros estudos psiclógicos,sobre
o animal humano, detectou ser importante estimular, de todas as formas
possíveis e imagináveis, o consumo, detonando o que hoje temos ─ consumismo. Há diferença entre consumo e consumismo; o primeiro,
refere-se à aquisição de um bem, a medida em que ele se faz necessário; o
consumismo, é a tendência desordenada e compulsiva, de comprar, mesmo que não
haja necessidade, em fazê-lo.
Para dar um
incentivo maior, ao consumismo, foi “criado” e colocado em prática o chamado obsoletismo
provocado, grande sacada mercadológica, principalmente com o advento das
tecnologias atuais. O celu comprado o
mes passado, já terá sido superado e
tornado antiquado, obsoleto, alguns meses depois. O mesmo aconteceu e acontece
com a computação. As indústrias
programam, com a máxima atenção, a colocação de uma simples tecla adicional,
deixando-a de reserva para novo lançamento pois sabem que milhares e milhares
de pessoas não conseguem ficar sem o que é chamado de top de linha. Desculpem-nos a simplicidade do exemplo; mas as
coisas são, ardilosamente programadas.
Tudo isso,
explicado assim, de forma extremamente rudimentar, montou o cenário dramático
do que vemos hoje, no mundo ─ caos econômico/financeiro, das chamadas grandes potências,
ameaçando demolir países emergentes, caso a crise se torne mais extremada;
recursos naturais em colapso e uma população mundial aturdidada, sacudidada por
tremendo grau de incerteza, sobre o amanhã.
O
pensamento que criou, fomentou, alimentou todo esse sistema vigente, foi a
compulsiva tendência do animal humano ao lucro, ao status, ao poder, ao
comodismo extremo, tudo devidamente impelido pelo ego, no que ele tem de mais
superficial, de mais terreno, de mais imprudente, de mais individualista, de
mais alienado.
Grandes
pensadores, do passado, alertaram para dois fatores determinantes de possíveis
crises, num futuro bem próximo ─ superpopulação
mundial e finitude dos recursos naturais. Claro que não foram levadas em
consideração suas ideias e opiniões; estamos com população mundial em 7 bilhões
(crescei e multiplicai-vos ─ sob a ótica humana;
controle de natalidade? nem
pensar!). Os recursos naturais, do planeta, em fase de esgotamento e as taxas de crescimento
econômico, dos países, sendo pautadas como ─ imprescindíveis.
Para manter as coisas como estão, os recursos naturais vão se diluindo;
qualquer taxa de crescimento, por menor que seja, equivale a uma demanda maior
de recursos naturais; então...
Lembrando o
pensamento de Einstein, a busca por
possíveis soluções, demandaria
pensamentos exatamente contrários àqueles que criaram essa situação, quase
insolúvel.
Mas,
infelizmente, as cabeças pensantes responsáveis por busca de soluções, estão
completamente desfocadas, da realidade; buscam soluções baseadas nas mesmas
premissas orientadoras, do sistema vigente. Algumas dessas tentativas de
solução estão sendo adotadas em países da Europa e nos Estados Unidos; são os arrochos e cortes
orçamentários que atingem, especificamente, as classes menos privilegiadas ─ como sempre ─ em aspectos básicos
como, por exemplo, área da saúde, remuneração trabalhista, aposentadorias etc.
Soluções puramente paliativas; não terão, de forma alguma, qualquer eficácia, muito pelo contrário.
Abusando de
sua paciência, na leitura deste, vamos fazer um exercício, concebendo solução e
prevendo consequências, apenas para que possamos deixar claro, o quanto a
questâo é complexa, extremamente
complexa.
O
consumismo, um dos pilares da manutençao do sistema, da obtenção de taxas de crescimento dos países, do
extermínio dos recursos naturais do Planeta poderia, como num passe de mágica,
deixar de existir. Suponhamos que parcela expressiva, da humanidade, resolvesse comprar, única e exclusivamente,
itens alimentares básicos e de higiene e limpeza, abandonando a aquisição de
qualquer bem de consumo. Qual seria a resultante, quase que imediata? Milhões e milhões de desempregados;
indústrias em desaceleração crescente, taxa de crescimento dos países, zeradas,
tal qual a obtida pela França, no segundo trimestre, deste ano. Isso seria só o começo, do caos, pois a cascata de
consequências é quase impossível de
calcular, justamente pela força desestruturadora do sistema sócio,
econômico e político que tal “solução”,
apresentaria.
Quem
estaria disposto a pagar tal preço, por uma tentativa de minimizar condições de
insustentabilidade, da vida, no Planeta Terra?
Então,
pensamos o seguinte. A sustentação de tal sistema, levará, mais tempo menos
tempo, ao que foi abordado, parágrafos acima. Sem matéria prima, sem recursos
básicos como a água, chegaremos ao declineo ─ já em curso ─ não só de um sistema,
mas de uma civilização.
Considerando,
em pouquíssimas linhas, a complexidade da macro questão, podemos ver, com
absoluta nitídez, a ineficácia de qualquer solução pensada, seja ela nascida
dos mesmos pressupostos dos pensamentos que deram origem ao sistema, em
questão, ou não. Daí, o magno
impasse.
Caso alguém
possa pensar que o exposto acima é fruto de pessimismo destes que escrevem,
podemos afirmar, que não; realismo e pessimismo têm conotações bem
diferenciadas. Entretanto, na maioria das vezes, justamente pela cegueira dos
que não querem ver, por razões as
mais diversas,que não nos cabe questionar nem julgar, o realismo pode aparentar pessimismo, justamente para os que vivem
apenas, de maya.
Voltando,
há algo que não se pode descartar; está além, muito além de qualquer
pressuposto humano porém, potencialmente existente em alguma esfera desconhecida
pela maioria de nós. Esse algo tem embasamento científico, físico mas está
além, está no metafísico. É a possibilidade do animal humano ter sua frequência
modificada, por alterações no planeta e sistema solar. Segundo diversas linhas esotéricas, essa
possibilidade existe e, em acontecendo, o animal humano sairia de um campo
puramente tridimensional o que proporcionaria completa modificação mental/espiritual, com correspondentes
alterações comportamentais, é claro.
É
evidenciado, por diversos tipos de estudos afins, que nem todos “aguentariam”
essa alteração, essa mudança de frequência; não há como se saber como ela seria
levada a efeito, nem as possíveis e reais consequências. Entretanto, quando se
pensa no tremendo beco sem saída, que nós, animais humanos nos propusemos a
entrar, é quase que lógico ─ dentro da nossa lógica ─ que mudanças, caso ocorram, só poderão ser extremas; não
existem ─ meias soluções.
Quanto
tempo a humanidade terá que esperar, por situações mais favoráveis, não
sabemos. Mas se 2012 terá, realmente, uma tremenda importância para o Planeta, Sistema Solar e Galáxia, será esse o momento da mudança de
frequência, do humano? Também não
sabemos; acreditamos, mas não
sabemos.
Entretanto,
em nós, o que lateja, pulsa é a certeza lúcida, de que em futuro não tão
longinquo, apenas pequenas comunidades ─ ainda não globalizadas
─ vivendo em acordo com os ciclos da natureza,
em acordo com as mais básicas necessidades de sobrevivência, autogestoras de
hábitos saudáveis e naturais, serão as que sobreviverão, sem maiores
dificuldades, ao que abalará o mundo
globalizado, capitalizado, financeirizado, independentemente de 2012, ou em função dele.
Encerramos
com dois pensamentos que consideramos importantes:
“A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças.
Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições
primitivas.” Sigmund Freud (1856-1939).
Imagine o que Freud teria a dizer,
agora, 72 anos após sua morte.
“A
humanidade tenderá para a igualdade social não por generosidade dos ricos mas
sim, pelo seu próprio egoísmo, entregando parte do que tem para não perder
tudo.” James Stanovnik
Maria ─ Estrela Lunar Amarela
P.S.: detectando qualquer erro, por
favor, nos comunique.